Igreja Batista Redenção
“Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus” (1Co 3.6).
Em 1853, uma sociedade missionária de certa denominação discutiu o fechamento de uma congregação em Ongole, na Índia, porque houve somente dez convertidos em quinze nos de trabalho. Eles compunham a única igreja presente ali, a qual era conhecida como “estrela solitária” da Índia. Samuel Smith, autor de vários hinos, incluindo o nº 574 do Cantor Cristão, era membro do conselho da missão. Ao refletir sobre esse assunto, ele escreveu o seguinte verso: “Brilhe, estrela solitária, em tristeza e lágrimas; em tristes reveses frequentemente batizada; brilhe em meio aos medos dos teus fundadores; a estrela solitária no Céu não é desprezada”. No dia seguinte, ele leu esse poema para seus colegas e eles decidiram, por unanimidade, continuar o trabalho. Depois dessa decisão, Deus agiu com grande poder na pequena congregação. Trinta anos depois, a igreja de Ongole tinha 15 mil membros.
Quando leio sobre o trabalho árduo e persistente dos missionários pioneiros em lugares não cristianizados, lembro-me do que o apóstolo Paulo disse aos coríntios: “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus” (1Co 3.6). A frase é pequena, mas o que ela representa foi longo e custoso. Ao dizer “eu plantei”, Paulo se refere ao trabalho que foi necessário para começar do nada a igreja de Corinto. Para tanto, foi preciso uma longa e perigosa viagem, sob a direção de Deus, na qual Paulo foi impedido por Deus de ir para a região de Éfeso (At 16.6) e para a Bitínia (At 16.7), sendo instruído a seguir para a Grécia (At 16.8-10), onde sofreu perseguições em Filipos (At 16.19-26), Tessalônica (At 17.1-9) e Bereia (At 17.10-15). Envolveu uma pregação constante e persistente entre aqueles a quem Paulo tinha mais acesso, judeus e prosélitos da cidade: “E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos” (At 18.4).
Nessa fase, Paulo teve de trabalhar para se sustentar e manter a obra evangelística: “E, posto que eram do mesmo ofício, passou a morar com eles [Priscila e Áquila] e ali trabalhava, pois a profissão deles era fazer tendas” (At 18.3). Entretanto, também houve tempo, regido pela possibilidade e necessidade, em que Paulo se dedicou somente a pregar o evangelho: “Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, Paulo se entregou totalmente à palavra, testemunhando aos judeus que o Cristo é Jesus” (At 18.5). Há muito que acrescentar sobre o trabalho desbravador de Paulo. Contudo, é possível perceber a dificuldade de tal obra simplesmente pelo uso da metáfora agrária na qual Paulo compara seu trabalho ao de um agricultor que, debaixo de Sol, tem de abrir a terra seca e dura para plantar sementes que demorarão a brotar. Entretanto, sem essa tarefa não há colheita alguma.
Ao se referir a Apolo, um dos pastores da igreja de Corinto, Paulo diz que “Apolo regou”. Com isso, o apóstolo mostra que o trabalho de Deus não é tarefa para “cavaleiros solitários”, mas para toda a igreja, que, no uso dos seus dons, é utilizada por Deus para fazer crescer o corpo de Cristo (1Co 12.4-7). No caso de Apolo, tratava-se de alguém capacitado por Deus (At 18.24), instruído e encorajado pelos irmãos (At 18.26,27). Por isso mesmo, foi útil na obra de Cristo e “auxiliou muito aqueles que, mediante a graça, haviam crido; porque, com grande poder, convencia publicamente os judeus, provando, por meio das Escrituras, que o Cristo é Jesus” (At 18.27b,28).
Finalmente, o apóstolo diz “mas o crescimento veio de Deus”. O uso presente da palavra “mas” significa que tudo que Paulo e Apolo fizeram resultaria em insucesso total caso Deus não atuasse. Desse modo, todo trabalho do Senhor deve ser feito em completa dependência de Deus para que ele faça brotar e crescer o que foi plantado. Diante disso, qual é o pregador do evangelho que pode se gloriar de converter perdidos? Na verdade, os crentes trabalham na esperança de ver Deus fazer frutificar seu trabalho, quando e onde ele desejar: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” (Sl 127.1).
Eis a razão pela qual a perseverança no trabalho e na oração são inalienáveis ao serviço dedicado ao nosso Deus. Isso vale para todos os ministérios da igreja que também envolvem investimento a longo prazo como trabalhos com crianças e jovens, preparo de obreiros e a edificação e santificação dos irmãos. E nessa obra, os servos de Deus não são avaliados pelos números que atingem, mas pela sua persistência e fidelidade. Quanto à igreja, essa jamais pode se lançar ao trabalho do Senhor sem se dobrar em oração e se dispor a perseverar na expansão do reino de Deus na Terra. Nem pode desistir diante da demora em ver os frutos, lembrando-se do conselho: “Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5.7,8).
Nossa pequena igreja tem diante de si muitos projetos e desafios. Ela também está prestes a encorpar seu quadro de líderes para que nossos objetivos sejam buscados por mais mãos dedicadas. Ainda assim, é preciso a dedicação, o envolvimento e a oração de cada crente em particular. Você está disposto a se envolver e ser perseverante em tão grande obra?
Pr. Thomas Tronco
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